Qual a importância dos radares na aviação?
Um problema elétrico na alimentação do sistema de radares que apoiam o controle de tráfego aéreo de São Paulo foi responsável por atrasar e cancelar dezenas de voos nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Campinas (Viracopos), em junho. Esse tipo de ocorrência alerta para a importância que os radares exercem na aviação. Afinal, qual a finalidade desse equipamento? Os consultores técnicos da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) respondem.
“Os radares servem, essencialmente, para fornecimento de informações de localização, altitude, velocidade, direção de deslocamento e meteorologia, dados que são primordiais na aviação”, explica o consultor técnico da ABEAR, Paulo Roberto Alonso. Isoladamente, portanto, a comunicação por radares serve para informar precisamente ao piloto e ao controle de tráfego a posição de uma aeronave no espaço aéreo. Como diversas aeronaves voam simultaneamente, de forma a agregada a comunicação por radar de cada uma delas serve para que todas possam se deslocar em conjunto, coordenadamente, sem se tocar. No caso de São Paulo, o cenário adverso fez com que, por segurança, as aeronaves em tráfego fossem controladas de maneira convencional, ou seja, aumentassem por segurança a distância umas das outras, tendo como consequência atrasos e cancelamentos.
Os radares têm dois tipos de classificação: os primários fornecem a localização da aeronave, enquanto que os secundários informam altura, velocidade e direção. A comunicação entre os radares e as aeronaves ocorre graças ao transponder, aparelho emissor-receptor que responde automaticamente ao sinal de um radar. “O transponder também é responsável pela comunicação entre uma ou mais aeronaves, gerando assim o sistema anticolisão chamado TCAS”, esclarece o consultor técnico da ABEAR Raul Souza, referindo-se ao Sistema de Alerta de Tráfego e Prevenção de Colisão (tradução livre da nomenclatura em Inglês Traffic Alert and Collision Avoidance System).
Meteorologia
Além dos radares em terra, o avião conta com um radar meteorológico a bordo, cujas antena estão posicionadas dentro do radome (parte em formato de cone localizado no nariz da aeronave). Com ele é possível prever rajadas de vento, intensidade de chuva e outras adversidades a quilômetros de distância. “Quanto mais próximo da condição meteorológica adversa, maior deverá ser a precisão”, afirma Souza. O radar primário, localizado em solo, também tem papel meteorológico e é usado ainda, por órgãos de meteorologia.
Estrutura
No Brasil, o controle de circulação aérea é realizado pelos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA). Ao todo, são quatro centros que cobrem o território nacional. São Paulo, por ser um estado com intensa movimentação aérea, possui um organismo próprio de controle, o Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP), sediado no aeroporto de Congonhas. Os CINDACTAs e o SRPV-SP monitoram o tráfego aéreo nacional por meio de centenas de radares primários e secundários.