Jurema Monteiro: “Brasil tem potencial para ser exportador de SAF”
A presidente da Associação brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Jurema Monteiro, destacou nesta terça-feira (16) o potencial do Brasil ser autossuficiente na produção de SAF (Combustível Sustentável da Aviação) e exportar o excedente para outros mercados. A executiva destacou o protagonismo do país em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, que debateu o Projeto de Lei Combustível do Futuro, que contou também com a participação de representantes da Petrobras, ministérios da Fazenda e de Minas e Energia, senadores e entidades representativas. A sessão foi presidida pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).
“A produção de SAF ainda é incipiente no mundo. O Brasil já demostrou sua vanguarda em biocombustíveis, com o etanol, e tem condições de assumir o protagonismo agora na produção de BioQAV e outros combustíveis”, afirmou Jurema, que destacou a importância do debate sobre políticas de incentivo para que o SAF tenha custos competitivos, permitindo a descarbonização do setor sem comprometer o crescimento e a democratização do transporte aéreo.
Ainda segundo ela, com a atual quantidade de matéria-prima excedente seria possível produzir 9 bilhões de litros de SAF anualmente. “Isso tornaria o setor aéreo autossuficiente, como mostra estudo da consultoria RSB e da BOEING. Hoje, as empresas aéreas consomem 7,2 bilhões de litros. Sendo assim, seria possível exportar 1,8 bilhão de litros excedentes”, acrescentou. Jurema destacou, ainda, as medidas de redução de descarbonização já adotadas pelo setor aéreo brasileiro, como a modernização de frota e a revisão de rotas aéreas.
Ministério de Minas e Energia
“Se não aprovarmos o PL Combustível do Futuro temos o risco da perda da competitividade dessa economia, do não aproveitamento dessa vocação brasileira para a produção de biocombustíveis e bioenergia. Poderíamos perder, no caso do setor aéreo, rotas e voos internacionais no país”, disse o diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Marlon Arraes.
Ministério da Fazenda
“Precisamos de novas políticas para a transição energética, que vão incentivar o consumo de produtos que são naturalmente mais caros. Incentivamos essa transição, que é super necessária, mas de uma maneira mais custo-efetiva. Temos a preocupação de entender como vamos fazer essa descarbonização sem trazer inflação, impacto em preço e prejuízo ao consumidor e ao país. O Ministério da Fazenda está à disposição para aprimorar e debater o tema nesta comissão”, afirmou o diretor de Programa da Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Gustavo Henrique Pereira.
Petrobras
“A Petrobras apoia o PL e está engajada na transição energética justa com modicidade tarifária, na linha do que o Ministério da Fazenda destacou. Estamos investindo nesse campo, propiciando a entrega de produtos de alta qualidade e podendo antecipar a descarbonização das matrizes rodoviária e aérea”, disse o gerente-executivo de Gestão Integrada de Transição Energética da Petrobras, Cristiano Levone de Oliveira.
Participaram também da audiência o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Furian Ardenghy; o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustível e de Lubrificantes (SINDICOM), Henry Daniel Hadid; a gerente-executiva Ambiental da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Erica Vieira Marcos; o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), André Meloni Nassar; o diretor-executivo da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (UBRABIO), Sergio Tadeu Cabral Beltrão; o diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO); e o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Evandro Gussi.