IATA critica rankings de segurança da aviação comercial
A Associação Internacional do Transporte Aéreo (da sigla em inglês IATA), representante de 265 companhias aéreas ao redor do mundo, ou o equivalente a 83% do tráfego aéreo global, criticou rankings de segurança que envolvem companhias aéreas. Abaixo, a íntegra do documento divulgado pela entidade:
Algumas empresas produzem relatórios com a pretensão de classificar/ranquear as Empresas Aéreas de acordo com seu nível de segurança operacional. Como não existem métricas ou critérios objetivos que permitam fazer isso, essas organizações usam uma variedade de “critérios” subjetivos para comparar as empresas aéreas. Estes incluem tipicamente o número de acidentes e/ou incidentes sérios experimentados por uma empresa aérea durante um período especificado. As informações são geralmente extraídas de fontes publicamente disponíveis, como os meios de comunicação. As fórmulas exatas para determinar os rankings podem ou não estar disponíveis para exame e análise.
Posição da IATA
A IATA não considera que as classificações de segurança operacional das empresas aéreas sejam uma medida válida do desempenho de segurança de uma organização individual. Além disso, a IATA não acredita que a segurança da aviação deva se tornar uma questão competitiva, pois violaria a posição da indústria de que a segurança é a mais alta prioridade de todos os envolvidos na aviação. O extraordinário desempenho em matéria de segurança do transporte aéreo comercial deve-se, em grande medida, ao forte espírito de cooperação em matéria de segurança entre as empresas aéreas, fabricantes, reguladores governamentais e outras partes interessadas.
Fatores específicos que tornam os rankings das empresas aéreas um exercício altamente especulativo que não oferece qualquer valor aos passageiros incluem o seguinte:
Pequenas amostras de dados resultam em grandes oscilações na taxa de acidentes
- Acidentes aéreos, especialmente acidentes fatais, são extremamente raros. Grandes variações nas taxas podem resultar de um único evento.
A responsabilização por um acidente não é clara
- Fatores externos e eventos envolvendo participantes fora das empresas aéreas (por exemplo, fabricantes de aeronaves, aeroportos, provedores de serviços de navegação aérea, empresas de serviço no solo, etc.) podem contribuir para um acidente ou incidente.
Um ranking simples não pode dar uma imagem de segurança completa
- A gravidade do acidente tem de ser julgada e levada em conta em um sistema de classificação, mas a gravidade de um acidente é muitas vezes afetada por condições e eventos externos.
- É muito difícil oferecer uma ponderação precisa dos resultados por escala de tempo e tamanho da empresa aérea, notando especialmente que as empresas aéreas mudam frotas operacionais, destinos e muitas outras características de forma contínua.
Uma abordagem de classificação atribui a responsabilidade por acidentes e incidentes exclusivamente a uma empresa aérea, independentemente de outros fatores contribuintes. Isso viola um princípio chave da pesquisa sobre segurança, que reconhece que a maioria dos acidentes envolve uma cadeia de eventos que podem envolver múltiplos participantes. Por essas razões, os rankings de segurança das empresas aéreas são inerentemente falhos.