Retrospectiva ABEAR: os fatos que marcaram 2024
Caía a tarde do dia 3 de maio de 2024 quando o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), teve as operações suspensas. Naquele dia, o Lago Guaíba ultrapassara a marca histórica da grande enchente de 1941 ao alcançar 4,77 metros. A água invadiu diversos bairros da capital gaúcha e tomou o aeroporto. Só foi possível mensurar o tamanho da devastação depois que o nível da água baixou, mas imagens que correram o noticiário e as redes sociais nos dias seguintes ajudaram a dimensionar os danos causados pela força da água. Estacionada no meio do pátio alagado, uma aeronave de carga era o único indicativo de que havia um aeroporto naquele local.
Há 84 anos em operação e responsável por 90% dos embarques no estado, o Salgado Filho operava com volume mensal de 300 mil passageiros em voos domésticos e internacionais e 1,6 milhão de tonelada de carga, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Portanto, o fechamento do Salgado Filho por tempo indeterminado, anunciado em 6 de maio, deflagrou uma situação inédita que mobilizou o governo federal, a concessionária Fraport e as empresas aéreas. Somando esforços, setores público e privado construíram um plano de emergência para garantir a conectividade do estado com as demais regiões do país e atender os passageiros afetados pela suspensão das operações aéreas em Porto Alegre.
Junto com o trabalho de resgate, era preciso oferecer ajuda humanitária e implantar uma nova malha aérea, reforçando a operação nos aeroportos do interior do Rio Grande do Sul e naqueles localizados em Santa Catarina, mantendo o estado conectado e garantindo assistência a passageiros que já estavam no ar e tinham planos de viajar. Junto com o Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR) e a ANAC, as companhias debruçaram-se sobre rotas, frotas, frequências e demandas em uma equação altamente complexa para ampliar a oferta de voos e assentos de modo a mitigar os impactos do fechamento do Salgado Filho. De 7 mil, a oferta de assentos saltou para 17 mil por semana considerando seis aeroportos do interior do RS, além dos 3 mil assentos ofertados para Santa Catarina. O passo seguinte foi a estruturação da Base Aérea de Canoas para voos regulares de passageiros, observando as condições operacionais e de segurança. No primeiro momento, Canoas concentrou o recebimento de doações destinadas a aliviar o sofrimento da população atingida pelas enchentes. No total, as empresas aéreas transportaram 3,6 mil toneladas de doações.
Outras ações que marcaram o ano da ABEAR
Retorno da AZUL
No início de novembro, a ABEAR anunciou o retorno da AZUL Linhas Aéreas ao seu quadro de associadas. O anúncio consolidou o trabalho desenvolvido pelo setor para fortalecer e unir as empresas com a perspectiva de implementação de uma agenda setorial de longo prazo.
A chegada da TOTAL Express
O ano foi marcado também pela chegada da TOTAL Express ao quadro de associadas. Com mais de 30 anos de atuação no setor de logística, a TOTAL lançou sua operação de transporte aéreo de cargas em 2023. A empresa hoje atende quatro mil municípios em todo o território nacional.
Lei Geral do Turismo/FNAC
A lei que permite a liberação de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) para as companhias brasileiras, a partir de linhas de crédito, foi sancionada pelo presidente Lula em setembro. A ABEAR atuou de forma ativa no diálogo com o Congresso Nacional para a elaboração do texto, destacando a importância da medida para as empresas aéreas. A lei também prevê que os recursos do FNAC poderão ser utilizados em iniciativas voltadas à produção de combustíveis sustentáveis de aviação, uma das principais bandeiras do modal aéreo.
Lei Combustível do Futuro
A ABEAR também atuou nos debates sobre a Lei do Combustível do Futuro, contribuindo para o aprimoramento dos instrumentos voltados à descarbonização do setor, como a criação de programas nacionais de combustível sustentável para aviação (SAF).
Prêmio Boeing ABEAR
Em junho de 2024, a ABEAR realizou a primeira edição do Prêmio de Jornalismo Aviação do Futuro em parceria com a BOEING com o objetivo de reconhecer as melhores reportagens sobre a jornada de descarbonização do setor aéreo no Brasil. O jornal O Estado de São Paulo, o site Aeromagazine e a Rádio Cultura do Pará foram agraciados com a premiação.
Novo Panorama
Lançado na ABAV Expo, o Panorama da Aviação, publicação anual da ABEAR, ganhou formato 100% digital com novos indicadores para consulta em painel interativo. Uma novidade do novo Panorama é o acesso a dados estaduais nos indicadores de PIB, empregos, salários e tributos pagos, além da consulta interativa que mostra, desde 2012, a variação do câmbio do dólar, do preço do querosene de aviação (QAV), do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e da tarifa média do bilhete aéreo.
Guia para transporte de pets
A Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA), a ABEAR, a Associação Latino Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA) e a Junta de Representantes de Empresas Aéreas no Brasil (JURCAIB) lançaram o “Guia de Orientações para Transporte Aéreo de Cães e Gatos”. O documento foi desenvolvido a partir do Código de Conduta estabelecido pela ANAC, fundamentado no Live Animal Regulations da IATA. O guia integra o Plano de Transporte Aéreo de Animais (PATA) do Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR) e possui critérios de segurança que devem ser aplicados em todas as etapas do transporte aéreo de animais.
Vozes do Setor Aéreo
A ABEAR promoveu duas edições do evento Vozes do Setor Aéreo, para debater temas relevantes, como judicialização e transporte de cargas. Os eventos reuniram em Brasília representantes dos ministérios do Turismo e de Portos e Aeroportos, ANAC, acadêmicos, representantes das empresas aéreas, das concessionárias, entre outros.